quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O Bardo Solitario

Passo de chão em chão
De multidão a multidão
Mais em um milhão és a única que sorri
Aproximo-me sem pretensão
Pego o bandolim e começo uma canção
Não tira os olhos de mim enquanto os outros me ignoram
Sua calmaria, seu doce curvar, o tom de seus lábios.
Fazem-me lembrar de minha utopia.
Ah que alegria, sua companhia me fortalece a alma.
Troco a nota e sem rota me perco ao saber.
Não ouves nada do que falo.
Nem sequer conhece o som de meu instrumento.
Que tormento:
Não ouve nem um lamento, nem os gritos do vento
Caio sentado em risadas.
Beijo sua mão e agradeço com um amor de toneladas
Levanto, pego meu bom amigo.
E com os dedos nas cordas
Recomeço minha caminhada
Tocando uma musica para mais ninguém
Parto solitário, novamente em busca de alguém.

Edson Bortolotte.

Conto à Fada

Deixei pedaços de pão no caminho de cetim
Chocolate e diversos doces só para mim
Uma maça de ouro outra de marfim
A espada da rocha, ouso arrancar.
Para a jovem dama acordar
Espelho, espelho meu a algo a me falar:
Um sapatinho de cristal à de achar
Um livro que chora
Um cachorro que voa
Uma harpa, uma fada e uma coroa.
Um cajado de vira serpente, uma lagrima que vira garoa.
O menino descansa dentro da baleia
E o grilo começa a cantar
Aquele que mente anda de lado
Para o homem de lata não amassar
Cabeça de asno e corpo de homem
Mundos que abrem portas que somem
Volto para o reino onde todos dormem
E mais uma vez deixo os pedaços de pão cair
Para ver se alguns cães de três cabeças o comem.

Edson Bortolotte.

Vampiro

Sou sangue
Ruído e dor.
Sou a morte em seu encalço
A eternidade em um só passo.
Sou sombra que seduz ao batedouro
O nobre soberano de sua alma
Olhos furação, prata e ouro.
Sou o fim de tudo que era antes
Inspiração indiscutível dos amantes
Sou mito, sou lenda, sou fruto.
Em uma grande mordida
A imortalidade em um suco.

Edson Bortolotte.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Antes de

Paro a chuva antes mesmo de cair
Paro a vida antes mesmo de sofrer
Paro as lagrimas antes mesmo de chorar
Paro a duvida antes mesmo de pensar
Paro a dor antes mesmo de amar

Edson Bortolotte.

Se , Serei

Se você não quer me devolver amor
Serei o ladino de seus sentimentos
Se a morte embala o fim
Serei o Bardo de seu funeral
Se suas lagrimas escorrem em lamentos
Serei o carrasco de seu espírito
Se em um castelo se esconde na escuridão
Serei o paladino da luz, do fogo e da emoção

Edson Bortolotte.

Utopia

Andar descalço em pés de brasa
Pular de um edifício de mãos atadas.
Engajar o puro e o maléfico na mesma gota D’água
Sendo doce ou salgada nem sempre o rancor é o gosto da lagrima.
Cantar em terras distantes, e em um sussurro perder a voz.
Cair em tentação com um simples beijo
E em uma multidão de anjos, dançarmos a sós.
Saber o que um cego vê ao sonhar
Sofrer por tanto ódio de amar.
Encher as mãos de tudo um pouco
Ver que os sãos herdaram a terra dos loucos.
Ser você meu Dogma, minha Utopia.
Reaprender tudo que já se sabia.
Num buraquinho de tatu sentar e rolar
Voar com pétalas de rosas
Ruído que cega sem mesmo tocar ou cheirar.
Coração aberto para os segredos da mente
Para cada arvore, uma semente.
Saber que você é o meu futuro
sem ao menos ser um mero vidente.

Edson Bortolotte.